Surgindo como uma revelação promissora neste seu filme de estréia, o espanhol Juan Antonio Bayona se une ao mexicano Guillermo del Toro e ao chileno Alejandro Amenábar no grupo de cineastas latinos com talento particular para o macabro. Demonstrando pleno domÃÂnio da linguagem cinematográfica, Bayona inicia O Orfanato de maneira apropriadamente idÃÂlica, retratando um dia ensolarado num quintal verde enquanto algumas crianças brincam despreocupadamente – e é apenas a dissonante trilha que indica, de maneira sutil, que algo não está certo naquele cenário. Com isso, o diretor estabelece uma dinâmica perfeita com o espectador: mesmo nos instantes aparentemente inofensivos, antecipamos a tensão que está por vir e, no processo, nos encarregamos de mantê-la presente durante toda a projeção, num jogo divertido que arrebenta os nervos (em vários instantes da narrativa percebi que estava sorrindo por antever, ansioso, o susto que logo se seguiria).
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